quinta-feira, 28 de maio de 2009

"BULLYING"

Os que sofrem o bullying acabam desenvolvendo problemas psíquicos muitas vezes irreversíveis, que podem até levar a atitudes extremas como a que ocorreu com Jeremy Wade Delle. Jeremy se matou em 8 de janeiro de 1991, aos 15 anos de idade, numa escola na cidade de Dallas, Texas, EUA, dentro da sala de aula e em frente de 30 colegas e da professora de inglês, como forma de protesto pelos atos de perseguição que sofria constantemente. Esta história inspirou uma música (Jeremy) interpretada por Eddie Vedder, vocalista da banda estadunidense Pearl Jam.

ASSISTA O VÍDEO



Especialista fala mais sobre "BULLYING"


A psicóloga Daisy Gomides Aleixo, que tem especialização nos EUA, recebeu a Folha do Estudante em seu consultório em Maringá.



Confira a entrevista na Íntegra:
O Jornal A Folha do Estudante trouxe em sua edição impressa matéria sobre o "bullying". Palavra sem tradução para o português, mas que está muito presente, principalmente, nas salas de aulas. É o que ocorre quando um ou mais alunos escolhem outro como alvo para atitudes agressivas e repetitivas, que geram dor e sofrimento. As intimidações costumam começar com humilhações e apelidos vexatórios e avançam para perseguições, ameaças e agressões.
Para se aprofundar mais sobre o assunto e trazer mais detalhes para o leitor, a Folha do Estudante procurou uma psicóloga. Dayse Gomides Aleixo, especialista em Aconselhamento Familiar e Casal nos EUA, recebeu nossa equipe em seu consultório, na cidade de Maringá.
Muito simpática, a psicóloga explicou com detalhes as conseqüências que a atitude "bullying" pode trazer tanto para o agressor como para a vítima e reforçou sobre a importância da conscientização de toda a comunidade.
Para se ter uma ideia de como o assunto é sério, no Brasil, tivemos casos extremos de reações envolvendo "bullying", registrados pela mídia. Em Taiúva (SP), um jovem de 18 anos entrou atirando na escola em que concluiu o ensino médio, ferindo oito pessoas e suicidando-se em seguida. Os motivos da violência, segundo apurado pela polícia com familiares, eram as constantes humilhações que sofria enquanto estudante por ser gordo. Outro caso foi registrado em Remanso (BA), quando um adolescente de 17 anos atirou e matou um colega e a secretária do curso de informática que frequentava, além disso, três pessoas ficaram feridas. O jovem tentou o suicídio, mas foi impedido. A razão do crime também estava relacionada à prática de "bullying" do qual o adolescente era vítima.
Segue a entrevista;

Folha do Estudante: Que tipo de pessoa esta sujeita a virar vítima de bullying, ou seja, o alvo?
Psicóloga:
Geralmente são escolhidas pessoas com características físicas diferentes como o mais gordo, o mais magro, o menor, o maior, o que usa óculos, e, normalmente são os mais tímidos da turma e que apresenta dificuldade de aprendizagem, dificuldade de se relacionar, problema emocional. O agressor faz uma pequena brincadeira e essa pessoa não consegue se defender, o que acaba instigando o agressor a fazer de novo.
Folha do Estudante: E o agressor, quais as características deste tipo de pessoa que pratica o "bullying"?
Psicóloga:
São pessoas com baixa auto-estima e que já vem com algumas dificuldades de casa. Primeira coisa: falta de limite, os pais têm que estar pondo limite desde que nascem. Se o pai não educa em casa, lá fora, vamos ter crianças com problemas. A criança que não tem limite em casa não vai ter sua auto-estima formada. Transformam-se em adultos carentes, com necessidades de afeto, falta do pai, falta da mãe.

Folha do Estudante: Diante de situações de bullying, as testemunhas reagem?
Psicóloga: Quando isso acontece entre as crianças, eles não têm muita noção, acabam achando engraçado, não tem recurso para lidar com isso. Geralmente não levam para casa, por não acharem importante. Já entre os adolescentes, eles não querem se envolver. “ah ela é boba mesmo” e não se envolvem. Na fase adulta, eu tenho um exemplo de bullying que tratei dentro do meu consultório. Uma moça de uns trinta anos, um pouco mais velha do que os demais universitários da turma e com várias dificuldades de relacionamento. Um pouco obesa, mais baixa e uma necessidade muito grande de ser amada. Foi colocada num grupo onde é abusada constantemente, motivo de piada, chacota. Para ser ter uma idéia, um menino, um dos alunos, por um período de mais de um ano, forçou o joelho nas costas dela e ela não conseguia falar nada. Mas agora ela tem conseguido. Num determinado momento, um professor percebeu a situação e tentou ajudar, mas não foi bem acolhido, em função da carência dessa pessoa, que interpretou mal, ele teve que se afastar para não ter mais problemas.
Folha do Estudante: O professor tem dificuldade de identificar o "bullying"?
Psicóloga:
Eu não sei se o professor tem dificuldade de reconhecer, mas em minha opinião não deveria ter porque é muito fácil reconhecer, observar isso numa sala de aula por estar lá todos os dias. Acho que isso é mais uma questão “na minha escola não tem isso, na minha sala não tem” e tapar o sol com a peneira. “Aquele é mais atiradinho, não é agressivo não”.
Folha do Estudante: O alvo, o agressor e a testemunha. Os três são vitimas do processo?
Psicóloga:
Os três são vitimas porque o agressor tem um perfil comprometido, por isso que ele precisa agredir, é como se ele só aparecesse pisando nas outras pessoas e precisa de platéia porque se não tiver, não tem graça.
Folha do Estudante: A conscientização começaria, a princípio, em admitir que isso ocorre dentro da sala de aula e daí buscar formas de poder tratar isso?
Psicóloga: A gente sabe que a conscientização é o primeiro passo para tudo. À medida que você aceita que esta acontecendo alguma coisa, fica muito mais fácil. Há alguns anos já, algumas escolas têm feito palestras para pais, professores, alunos, sobre isso. Se o professor reconhece que tem em sala de aula, começa a observar, e, aquele que sofre vai se sentir muito mais seguro para contar em casa, geralmente não conta em casa porque sente vergonha. Já o agressor vai se sentir coibido.

Folha do Estudante: Existem casos em que a família não aceita que o filho, por exemplo, está sendo vitima? E no caso da família do agressor, eles têm dificuldades em admitir que o filho esteja passando dos limites?
Psicóloga:
Exato, isso mesmo. Por isso que o ideal é fazer a conscientização. Isso deve começar nas escolas com palestras, trazendo os pais. Eu tive um caso de um menino de três anos, que ele cuspia nas pessoas, chutava a canela dos professores e os pais não achavam problema nisso. Quando que eles procuraram ajuda? Quando a escola falou: “isso é um problema, é grave, não dá mais”. E quando os pais chegaram aqui no meu consultório eles disseram: “mas a gente não tinha dado conta de quanto era sério”. E qual era o maior problema nesse caso? Falta de pai, de limite, o pai não conseguia dizer não, o menino batia na cara do pai e o pai não fazia nada, pensa na seriedade e no monstro que esse menino poderia se transformar. O quanto isso é difícil para o menino, crescendo solto. À medida que nós começamos a trabalhar, eu não precisei atender o menino, eu atendi o pai, e ensinei o pai que uma palmadinha faz sentido, que ele não tem que argumentar com um menino de três anos, não é não, quando ele começou a fazer isso, o menino foi ficando mais tranqüilo, porque ele estava muito perdido, essa atitude, o tratamento, fez bem para o menino.
Folha do Estudante: Nós já vimos muitos casos veiculados pela mídia, nos Estados Unidos, onde assassinatos em massa têm ocorrido. Jovens que entram nas universidades armados e cometem assassinatos. Esse tipo de agressor, é a ultima etapa do bullying? São casos que chegam ao extremo? Jovens que não tiveram o devido tratamento? Algo que não foi tratado?
Folha do Estudante:
Esse tipo de agressor ou sofreu bullying ou é o próprio bullying, é a etapa final. E aonde que começa tudo isso? Em casa, na falta de afeto, falta de não, de limites.
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